A fisioterapia da Santa Casa de Taquaritinga na linha de frente

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Que a pandemia de Covid-19 trouxe inúmeras lições, algumas muito dramáticas, ninguém tem dúvida. Quem esteve na linha de combate, enfrentando um inimigo desconhecido, pôde colher aprendizados que levará para a vida inteira. Foi assim com a fisioterapeuta Fernanda Pivetta, que chefia a equipe de profissionais da área que atuam na Santa Casa de Taquaritinga.

Ela ainda não consegue conter as lágrimas ao relatar o distanciamento que teve de adotar dentro de casa para preservar a saúde dos familiares – o filho chegou a ficar 30 dias na casa de uma de suas irmãs. A situação não foi diferente de outros trabalhadores da saúde, até que se começasse a entender o comportamento do vírus e as melhores formas de evitar o contágio.

Nos primeiros casos, segundo Fernanda, foi possível identificar que o novo coronavírus acometia a parte pulmonar em escala intensa, geralmente em forma de pneumonia viral. “Logo após a internação, fazíamos uma avaliação desse acometimento de modo a escolhermos o procedimento mais adequado para melhorar as trocas gasosas”, contou, citando duas siglas: VNI (ventilação não-invasiva) e CNAF (catéter nasal de alto fluxo). Fora esses, havia a intubação, medida profilática invasiva empregada quando o paciente apresentava absoluta incapacidade de respirar.

Fisioterapeuta Fernanda Pivetta

Nessa intervenção mais drástica, a equipe de fisioterapia foi a responsável por aferir os parâmetros ventilatórios. Havia, evidentemente, interação entre todas as equipes – médica e de enfermagem – nas tomadas de decisão. Os pacientes não paravam de chegar, o trabalho se avolumava, e os profissionais precisavam encontrar tempo para ler estudos, artigos científicos recém-publicados, definir protocolos e trocar experiências com colegas de outros hospitais.

O trabalho das fisioterapeutas da Santa Casa não terminava após o paciente receber alta. A Covid, em grande parte dos casos, deixava sequelas pulmonares e motoras. O atendimento, inclusive daqueles que se recuperaram em casa, era feito na clínica ou de forma domiciliar. “Foi tenso. Não havia vacina. Tínhamos de tomar todos os cuidados para não nos infectar”, recorda Fernanda.

Em ambiente ambulatorial ou de UTI, os paramentos (duas máscaras, protetor facial, roupas especiais) assumiam um aspecto de uniforme de guerra, uma guerra cujas vitórias eram contabilizadas por paciente recuperado. “Foi uma caminhada que fizemos juntos e que uniu muito as equipes da Santa Casa”, lembra a fisioterapeuta chefe, ressaltando a importância de cada setor do hospital, da limpeza dos ambientes à alimentação servida.

As consequências da doença em curto e médio prazo, que puderam ser observadas, surgiram em forma de tromboses, problemas cardíacos, neurológicos, hormonais, entre outras. Em muitas delas, a fisioterapia seguiu sendo uma aliada, ajudando a debelar a fraqueza muscular e a dificuldade respiratória, enquadradas no que os especialistas chamam de “Covid longa”.

Mais de dois anos depois do início da pandemia, a profissional chama a atenção para o fato de que hoje os efeitos da infecção são menos severos e os casos de complicação estão relacionados a quadros de comorbidades pré-existentes. Fernanda Pivetta não tem dúvida de que a vacina fez toda a diferença, haja vista a queda no número de internações, mesmo diante do alastramento das contaminações com variantes de rápida disseminação.

Além dela, a equipe é formada pelas fisioterapeutas Carla Micali, Fernanda Di Pietro, Maria Eduarda Coró e Fernanda Galli. Muitos aspectos da pandemia serão relatados ao longo do tempo – o distanciamento histórico será essencial para entender esse período triste. Mas histórias como essa, de aprendizado e superação das equipes médicas e paramédicas, ainda estão frescas na memória. Sem dúvida, elas fizeram a diferença na preservação de inúmeras vidas.

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